“Monsenhor Nakamura de volta a Álvares Machado”. Este é o nome do projeto de itinerância do documentário Estrela da Manhã, que levou a história do padre japonês a mais de 450 moradores de Álvares Machado (SP), cidade que foi sede da missão apostólica de Nakamura entre os anos de 1928 e 1940.

Depois de circular em quatro escolas municipais da sede do município, do bairro Parque dos Pinheiros e do distrito de Coronel Goulart, na sexta-feira, dia 7 de junho, uma exibição gratuita reuniu o maior público já registrado em sessões do filme biográfico desde sua estreia, em novembro de 2021: cerca de 150 pessoas, a grande maioria machadenses e descendentes nipônicos.

Entre os presentes, estavam autoridades locais e regionais como o presidente da Associação Cultural Nipo-brasileira da Alta Sorocabana (Hansoro), Toshio Koketsu; o presidente da Associação Cultural, Esportiva e Agrícola Nipo-brasileira de Álvares Machado (Aceam), Carlos Utimura; o vice-presidente do Centro de Pesquisas Museu e Memorial Monsenhor Domingos Nakamura, Luiz Saito;  o ex-prefeito de Álvares Machado, Luiz Takashi Katsutani e um dos sacerdotes integrantes do Tribunal de Beatificação de Monsenhor Nakamura, padre Jurandir Lima.

Além deles, compareceram outras pessoas que são entrevistadas no documentário Estrela da Manhã: o professor e escritor Benjamin Resende – autor de uma biografia de monsenhor Nakamura -, e Augusto Anzai, que narra a conversão de sua família ao catolicismo durante a missão do padre Nakamura na cidade de Santo Anastácio. Conforme Anzai, “é um orgulho ter sido convidado para contar um pouco da história da nossa família. De como eles conheceram monsenhor Nakamura e sobre como começou nossa caminhada na igreja católica”.

Benjamin Resende também enfatizou a relevância do filme que, segundo o professor, “está colaborando muito para o processo de beatificação de monsenhor Nakamura”. O padre Jurandir Lima também discursou ao final da exibição e destacou a importância do documentário para o processo de beatificação. “Eu considero o interesse desses jornalistas pela história de monsenhor Nakamura e a realização deste filme um verdadeiro milagre, porque precisávamos de uma comissão histórica que investigasse a vida do missionário e apareceram eles”, disse Lima ao se referir à equipe de produção do filme: os jornalistas João Lucas Martins, Letícia Petile, Marco Vinicius Ropelli, Thaisa Bacco, Victória Domingos e Vinícius Coimbra.

Jurandir pontuou, ainda, a importância do filme permanecer em domínio público. Dessa forma, qualquer pessoa interessada em ver ou divulgar a história do padre missionário pode assistir gratuitamente ao filme ou, ainda, reproduzi-lo. No YouTube, o documentário Estrela da Manhã já conta com mais de 8.300 visualizações.

Na exibição pública, realizada no Kaikan de Álvares Machado (sede da Aceam), todos os espectadores tiveram uma verdadeira experiência cinematográfica. Puderam assistir ao filme em um telão de Led com 15 metros quadrados, com sistema de som de alta qualidade, enquanto aproveitavam pipoca e refrigerante à vontade. Tudo realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura, por meio de um edital aberto pela Divisão de Educação, Cultura, Esporte e Lazer de Álvares Machado. Também com recursos da Lei, foram disponibilizadas no YouTube no canal TV Escola Unoeste (@tvescolaunoeste) duas versões do documentário com acessibilidade: Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Audiodescrição.

Sessões nas escolas

Nas exibições realizadas durante o mês de maio, para mais de 300 estudantes do ensino fundamental da rede pública de Álvares Machado, também foram distribuídos pipoca e refrigerante. Além disso, os alunos participaram de um jogo de perguntas e respostas ao final de cada sessão sobre a vida e obra do monsenhor Domingos Nakamura. O participante vitorioso ganhou um livro biográfico de monsenhor Nakamura de autoria de Benjamin Resende.

Em bairros como o Parque dos Pinheiros e o distrito de Coronel Goulart, as exibições tiveram importância maior ainda na visão dos realizadores do projeto de itinerância. Isso porque, nessas localidades, muitos estudantes sequer tiveram oportunidade de presenciar uma verdadeira sessão fílmica antes. Sobre isso, a supervisora do filme, jornalista e professora doutora Thaisa Bacco aponta que “as exibições públicas para jovens de diferentes contextos são ações democráticas no campo da cultura, que promovem disseminação e construção de conhecimento sobre um personagem que tem sua história arraigada no município machadense”.

Para o diretor do documentário, o jornalista Marco Vinicius Ropelli, além de proporcionar um dia de diversão e cultura, os aprendizados proporcionados pelo filme também devem ser destacados. “Por meio da história do padre Nakamura, o documentário ‘Estrela da Manhã’ também conta um pouco de como foi a formação da sociedade machadense, do Oeste Paulista em seus primórdios. É muito importante esses estudantes conhecerem suas origens”, ressalta o diretor.

Ropelli ainda pontua que os resultados alcançados durante as exibições estão relacionados tanto à profundidade do conteúdo quanto ao cuidado com aspectos técnicos como som e imagem que ficam evidenciados no longa-metragem. Até por isso, o filme acumula reconhecimentos de profissionais da comunicação e da crítica. Foi finalista na etapa regional Sudeste, do prêmio Expocom (Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação), de 2022, concedido pela Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), no maior congresso de Comunicação da América Latina, e se sagrou vencedor da 54ª edição do troféu Margarida de Prata, durante os Prêmios de Comunicação da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), também em 2022.

Agora, conforme os realizadores, 2 anos e 7 meses depois da estreia, o documentário ‘Estrela da Manhã’ atingiu mais uma conquista, que apesar de parecer singela, tem muito significado: percorreu Álvares Machado, devolvendo ao povo machadense, em forma de arte e memória, a figura do Servo de Deus monsenhor Nakamura, as histórias de seus feitos e a importância de seu legado, que persiste e se fortalece em cada vez que que o filme é reproduzido na cidade ou fora dela.