Nesse dia 15 de agosto de 2020, a Diocese de Presidente Prudente tem a graça de celebrar os 50 anos da investidura dos primeiros ministros extraordinários da Sagrada Eucaristia. Ao todo, mais de 40 leigos e religiosas participaram das celebrações, que ocorreram em Presidente Prudente (SP) e Mirante do Paranapanema (SP) no ano de 1970.

História

Após 10 anos de criação e instalação da Diocese de Presidente Prudente no Oeste Paulista, Dom José Gonçalves da Costa, até então bispo diocesano, realizou a primeira celebração que investiu 48 ministros extraordinários da Sagrada Eucaristia na região.

O momento foi promovido em duas comunidades: Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus (Mirante do Paranapanema) e Catedral São Sebastião (Presidente Prudente).

Em Mirante do Paranapanema (SP), a primeira celebração de investidura foi realizada no dia 9 de agosto de 1970, logo após a realização de missões na região. O momento contou com a investidura de quatros novos ministros leigos.

Na semana seguinte, dia 15 de agosto do mesmo ano, diversos sacerdotes, leigos e religiosas se reuniram à noite, na Catedral São Sebastião, para participarem do momento. Mais 44 ministros leigos foram investidos e, pela primeira vez na diocese, eles oficialmente tiveram a oportunidade de ajudar o padre no serviço do altar.

“Foi um sentimento de gratidão, de colaboração, em poder fazer com que o trabalho do sacerdote pudesse ser partilhado junto com aqueles que, através da investidura do ministério, tiveram a oportunidade de colaborar mais diretamente as funções do altar. É uma obra de Deus!”, afirma o aposentado, Antonio Marra Sobrinho, que foi investido aos 30 anos de idade pela Paróquia Santa Rita de Cássia de Presidente Prudente (SP).

De acordo com Antonio Sobrinho, a formação para a investidura foi de responsabilidade de cada paróquia, ministrada pelos próprios padres. Ao todo, 14 comunidades ganharam os primeiros ministros leigos.

Antonio Sobrinho conta que a esposa e três filhos também são ministros leigos, inclusive um deles exerce o ministério no exterior. O aposentado afirma ainda que veio de uma família católica e sempre permaneceu firme na fé.

“Religião não é uma participação em um clube, de uma atividade esportiva, a religião é algo mais acima, mais elevada. A pessoa precisa se preocupar em ler, em estudar e aprender, além da participação ativa semanalmente na vida da Igreja”, destaca Antonio Sobrinho.

Para Walter Ganancio, aposentado, investido aos 31 anos de idade pela Catedral São Sebastião, conta que eles levavam a comunhão para os enfermos e realizavam os cultos eucarísticos na ausência do padre.

“A gente era sempre muito efetivo na igreja, nos vicentinos, atuando perto de Jesus. É uma sequência que foi valorizando a vida da gente. Me senti muito honrado e feliz em servir o altar. A igreja era a minha casa!”, afirma Walter Ganancio.

Questionado sobre qual é o segredo para manter-se firme na fé durante tantos anos, Walter destaca que é necessário trabalhar com amor, carinho e responsabilidade para assim conquistar as alegrias.

Lista dos nomes

Catedral São Sebastião (Presidente Prudente): Antonio Figueira, Sebastião Barbosa, Walter Ganancio e Manoel Francisco Lemos.

Paróquia Santa Rita de Cássia (Presidente Prudente): José Pelizário, José Ananias da Silva, Hugo Orbolatto, Antonio Marra Sobrinho e Patrielo de Liam Costa.

Paróquia São João Batista (Pirapozinho): Irmã Auristela de Oliveira, Irmã Gilda, Irmã Carmen, Irmã Olga Maria e Irmã Maria Olívia.

Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Presidente Bernardes): Irmã Ercilia Cerqueira, irmã Flávia, Irmã Anna e João Ferreira dos Santos.

Paróquia São José (Álvares Machado): Moyses Athia, João Alves Martins, Francisco Balbino da Silva e Nelson Klepis.

Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Presidente Prudente): Álvaro de Andrade Lemos, Laurindo Corazza e Nelson Spacini.

Paróquia São Francisco de Paula e Nossa Senhora de Fátima (Presidente Venceslau): Francisco dos Santos Lima, Antonio Arfelli, Walter Perenha e Osmair do Carmo.

Paróquia Santa Luzia (Anhumas): Nestor Cavalleri e José Siqueira Sobrinho.

Paróquia São Benedito (Alfredo Marcondes): Eduardo Martins Coelho, José Costa, Antonio Fabian e Luis Eusébio Guerreiro.

Santuário Nossa Senhora Aparecida (Presidente Prudente): Irmã Maria Lucia, Irmã Giovana e Irmã Expedita.

Paróquia Santa Luzia (Distrito de Araxans): José Stefan da Silva e João Lopes de Faria.

Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Tarabai): Luiz Gonzaga Paiva e Alexandrino Costa Brasileiro.

Paróquia São Pedro (Presidente Epitácio): Irmã Barbosa Martins e Irmã Rogéria Sanabria.

Curiosidades

No dia 16 de agosto de 1972, com o aval dos ministros leigos investidos em 1970, Luiz Yukiti Saito é instituído o primeiro ministro extraordinário da Sagrada Comunhão solteiro, na Catedral São Sebastião.

Luiz Saito conta que o curso preparatório, de cerca de um ano, foi realizado com o bispo José Gonçalves da Costa, na qual estudaram o Catecismo da Igreja Católica e, ao final, houve uma prova resultando em sua aprovação.

“Foi uma satisfação e ao mesmo tempo uma responsabilidade. O bispo estava abrindo uma exceção logo na segunda investidura”, afirma Luiz Saito, funileiro.

Um dos nomes importantes citados nas entrevistas para esta matéria foi de Sebastião Barbosa. De uma família carente, ficou reconhecido pela piedade, santidade e empenho em servir o altar. De acordo com Uilma Crepaldi Ganancio, esposa de Walter, Sebastião ia diariamente de madrugada na Catedral rezar e contribuiu em várias obras da igreja.

Tradição na Igreja

A instituição dos ministros leigos é fruto do Concílio Vaticano II (1962-1965), na qual dois documentos foram elaborados, por ordem de Paulo VI: um autorizando as Igrejas particulares a fazerem uma experiência com ministros leigos e o outro regulamentando a instituição dos mesmos.

A instituição “Fidei Custos” (A Igreja, Guarda da Fé), sobre os ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, regulamentou experimentalmente a administração da Eucaristia, com ajuda dos ministros leigos.

Já a outra instrução chamada “Immensae Caritatis” (O Testamento da Imensa Caridade), responde às experiências vindas do primeiro documento.